quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

IN-TENSO (OU VIGÍLIA)


Tudo mais in-tenso
os ódios
e remorsos
as letras das canções
os acessos de raiva
e o tamborilar dos dedinhos
nos meus
ao sabor das notas
que tocam
e me tocam
agora mais in-tensa
e imensa-mente.
Os pingos de chuva
as tintas
que pintam as
palavras do meu dia
ou as telas
da minha parede.
Há quem observe
atenta-mente
o que era objeto
só meu
de contemplar.
Há quem ame
escute
cante
sorria
comigo.
E vire o seu olhar
na mesma direção
que o meu.
E de longe enxergue
algo que ninguém viu
mas eu vi
a quatro pequeninos olhos
emprismesmados
nas suas mais di-versas
formas:
num achegar-se de ombros
ou num choro sentido
que para
apertado no
a-braço
quente, só de
pegá-la nos braços
e esquecer tudo
que ninguém viu
mas eu vi
num tamborilar de dedos
ao som de uma canção
qualquer.

(Dia 30 de dezembro de 2009, depois que Laís, ao som de Vigília, observava a tela que ganhei de Natal na minha parede alta. Ao mesmo tempo, tamborilava os dedinhos nos meus, no ritmo da canção. Depois pegou seu paninho, aninhou-se no meu colo e dormiu.)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reflexo no espelho


Os filhos são o reflexo dos pais no espelho? Talvez sejam, mas na água, não só invertido, mas turvo e principalmente, em movimento di-verso.

Meu pai gosta de ler jornal e revista, de ouvir música e é cinéfilo de carteirinha. Eu também. Minha mãe adora programa de entrevistas, espetáculos de dança e lê todo dia antes de dormir. Eu também.

Estudei música e abandonei, comecei tarde a realizar o sonho do meu pai, que não passou de apreciador. Prestei vestibular para cinema e não passei. Também dancei balé dos 7 aos 12 anos, mas não fui além disso.

Escrever e ler, no entanto, para mim é como colocar oxigênio para dentro e gás carbônico para fora, é vital. Meu avô tinha uma biblioteca com uma estante que ia até o teto. No entanto, todos os netos passaram por ali e nenhum coleciona pilhas de livros como eu.

Hoje minhas filhas já vão fazer dois anos, não sabem falar ainda, demoraram para andar, mal seguram a mamadeira sozinhas... Mas há algo que elas fazem com extrema maestria: folheiam as páginas dos meus, dos seus e dos nossos livros como ninguém, sem amassá-las ou rasgá-las. Não é que não haja livros rasgados. Como são a principal diversão aqui em casa, as duas brigam por eles, o que acaba causando os estragos. Mas os livros continuam, sempre, acessíveis. Há quem me condene por isso, dizendo que assim elas não aprenderão a conservá-los, mas discordo. Maior prejuízo é ficar longe deles. Mais tarde, tenho certeza que elas terão suas estantes de tesouros e sairão sempre à caça de outros. Como eu.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Escovando os dentinhos



Nunca pensei que fosse tão difícil escovar os dentes de uma criança pequena. Abandonei as dedeiras quando elas começaram a morder meu dedo direto! De dedo roxo, comprei duas escovinhas lindas! O creme dental sem flúor vai direto pra dentro, elas engolem, deve ser gostoso (confesso que nem provei). Quando havia só dentes na frente era mais fácil, mas agora... Os de trás elas reclamam de escovar, trancam a boca e não há quem abra! Então, dei meu jeito, pego a minha escova de dentes, fico em frente às duas para que elas imitem meus movimentos. Os vizinhos que me veêm da janela devem pensar que sou maluca, porque as caretas que faço são muitas... As duas morrem de rir, mas imitam. Até que deu certo. Difícil é tirar a escova da mão delas depois disso, é um tal de passar no cabelo, mastigar as cerdas...vira brinquedo. É o jeito, fazer o quê?

sábado, 28 de novembro de 2009

Dodói de uma, dodói de outra


Agora foi a Ísis que caiu doentinha. Pegou a mesma virose da irmã. Mesmo que a gente tente protegê-las e evitar muito contato, é inevitável, as duas acabam ficando doentes ao mesmo tempo ou logo depois. Desde que elas nasceram, acontece direto. Geralmente dois ou três dias depois uma gêmea tende a companhar a outra nos dodóis da vida. Já estão acostumadas a dividir tudo, dividem os remédios também. Neste caso foi diferente, a segunda demorou a apresentar os sintomas, mais de uma semana depois. Ainda bem que foi no fim de semana e de maneira bem mais leve. Já pensou ter de faltar ao trabalho duas semanas seguidas? A pediatra já tinha receitado uma fórmula homeopática pra tratar a febre da primeira, então, nem pensei duas vezes: dei logo, ao menor sinal de aumento na temperatura. Funcionou, ela nem chegou a 38º, muito menos perto do febrão que a irmã teve. Isso já tem três dias e até agora não precisei lançar mão do antitérmico. Ela já tinha consulta marcada mesmo, para renovar o remédio da homeopatia, caiu como uma luva. Temo que isto aconteça mais vezes quando as duas entrarem na escolinha. Dizem que é uma virose atrás da outra. Será? Ou depende da imunidade de cada criança. É uma questão para se investigar...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Quem segura o medo?


Minha Laís acaba de sair de um febrão e não fiz outra coisa a não ser sentir medo, esses três dias. O cansaço corre ao lado, falta de descanso tanto à noite quanto de dia. A pediatra estava calma depois que a viu, mas confessou que também se assustou. De qualquer modo, tomei uma decisão de não ficar mais sofrendo e levar direto no pronto socorro para fazer os exames. Ficar acordada até a fim do efeito do antitérmico é de desgastar qualquer um. Ainda mais neste caso, que o remédio estava a deixando apenas com febre mais baixa, não estava voltando à tempertaura normal. Haverei de superar estes medos? Acho que não. Prematuras como são, os medos me assaltam de tal maneira que até os passeios me causam temor: acidentes na Brasil, desidratação, choque térmico, afogamento, quedas... O que mais me assusta? Tudo! Sem contar na culpa que sinto por ter vontade de estar trabalhando... Serei eu uma mãe normal? Eu me canso, as outras mães parece que não, mas eu sim e tenho uma baita saudade do trabalho quando tenho de ficar em casa... Quem quiser, que atire a primeira pedra...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Jardim en-cantado




Sou um jardim comum,
mas de dentro de mim
brotaram
duas flores muito especiais.

Mais precisamente
numa tarde de março,
ensolarada,
em meio a muita balbúrdia
e confusão.

Desde aquele dia
ocupo-me de desvendar
seus mistérios
e cuidá-las.

Cada minuto é uma surpresa!
Descubro que cada uma
tem seu jeito de me olhar,
de se chegar a mim.

Uma de gargalhada aberta,
a outra de sorriso doce...
Cada uma tem seu perfume,
seu canto, seu gesto,
e até sua melancolia.

E por serem assim,
tão diferentes,
é que as amo cada dia mais.
E bendigo aquela tarde de março.

A partir de então,
borboletas me rodeiam,
pássaros cantam
como nunca antes,
tão intensamente.

E a minha mais recente descoberta
é que já não sou mais
um jardim comum,
tenho um en-canto só meu.

Hoje, no entanto,
elas completam sua primeira primavera
e não ouso mantê-las em redoma
sob o risco de sufocá-las.

Devo apresentá-las ao mundo:
Ísis, dália suprema.
Laís, a rosa do povo.

06/01/2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Primeiro Poexistência

Caros amigos do Poexistência,

Acho que estas palavras não nascerão em forma de versos, mas pouco importa. São seis da manhã e desisti de lutar com elas, que me sobem ao teclado e à garganta. Desde às três venho tecendo entre os lençóis algumas palavras sobre o momento de ontem. Graças a vocês, a existência das minhas pequenas não será apenas mais uma entre tantas outras. Assim como a de vocês eu sei que também não é. Vocês fazem diferença no mundo. Graças a vocês e suas sutis delicadezas, elas comerão o poema mesmo antes de dar os primeiros passos e não sonharão a vida toda em ser fiscal de rendas. Como um galo tecendo a manhã elas criarão novas tramas, de arte ou não, mas fazendo com que de cada dia de vida ou de labuta se teça um fio novo de beleza, ainda que deles faça parte este sofrer que nos caracteriza. Estas palavras talvez já estejam gastas, mas ainda acredito, como disse um poeta de versos infantis, que os brinquedos se gastam, mas as palavras não, quanto mais a gente brinca com elas mais novas elas se tornam. Graças a vocês elas terão sempre novas palavras para brincar. Assim como nós estávamos atentos em descobrir o que era “ilharga” (é assim que se escreve?). Será uma ilha larga? Sim, amigos, nossa ilha é muito larga para caber todos os sonhos do mundo, todas os versos de todos os poetas que talvez não tenham entrado na Academia Brasileira de Letras, mas estão no lugar mais importante, no coração e na mente da gente, que sente o poema antes de procurar a palavra no dicionário. E inventa, inventa...porque têm a arte nas ventas... Obrigada por estas horas de deleite e ...até o mês que vem!

26/04/2009, depois do primeiro Poexistência de Laís e Ísis

Dez coisas que foram lindas:

1.Roberto lendo o poema que a Ísis comeu, dizendo que ela escolheu aquele, e tinha que ser lido. Ao terminar a leitura, todos concordaram que foi uma excelente escolha;
2.Ísis falando durante as leituras, afirmando “ã”;
3.Tia Tânia escrevendo um poema na hora para as duas (As gêmeas chegaram);
4.Tia Marta lendo pra Ísis o livro de banho imitando a voz do tubarão;
5.As duas explorando o espaço livre, sem restrições;
6.Laís tímida (vê se pode?),depois se soltando; e encostando a cabeça no peito do pai;
7.Papai sentado no chão brincando com as duas;
8.A gente descobrindo as palavras do Hilda Hilst;
9.Encontrar um poema chamado “Meninas” no livro da Viviane Mosé (tudo a ver com elas);
10.Ísis tentando andar, um pouquinho pelas mãos de cada um.

domingo, 8 de março de 2009

Sugestões de presentes

Como muitos convidados da festa de 1 aninho têm me perguntado o que precisamos ganhar, os tamanhos, etc, resolvi fazer uma lista com algumas sugestões. Elas já têm muitos brinquedos, preferimos outras coisas...Para evitar repetições, peço que se apessoa escolher algum item específico, deixe um comentário que eu vou tirando. De qualquer maneira, é bom que os convidados também leiam os comentários, pois pode ser que eu não tenha modificado os itens ainda... Beijão!

Tamanho da roupa: 1 ou 2 anos
N° do sapato: 18, 19 ou 20
Fralda: M ou G

Mamadeira com alça
Casacos de moletom abertos na frente e com capuz
Copos de treinamento
Sabonete líquido Baby boti
Toucas
CD Pra gente miúda II
Pantufas
Camisolas
Totoca
Livro de banho
Outros livros....
Bolsa térmica