domingo, 23 de maio de 2010

Diário de uma escarlatina II

Amigos e família,

Não sei se ficou claro, mas apesar das postagens recentes, as informações são antigas. Fiquei um tempo desconectada, mas graças aos meus vizinhos estou de volta. No entanto, escrevi e guardei muita coisa, que estou publicando agora. Portanto, as datas a serem consideradas são as que estão no corpo da mensagem, ok?

Beijos.

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ANIVERSÁRIO EM PEQUENO ESTILO


Sábado, 27 de março de 2010.

Hoje é aniversário das duas e, como Laís ainda não está liberada para a vida lá fora até o fim do antibiótico, faltamos à festa da minha irmã de 6 anos (ela faz anos no mesmo dia) e resolvemos fazer uma festinha particular, só para nós quatro. Pendurei o painel que a tia Vanessa comprou para enfeitar a festa da escola (acabou não rolando), fiz brigadeiro de colher e compramos um bolo. Papai deu um jeito de posicionar a filmadora sem que ninguém precisasse pilotá-la a fim de registrar cada momento do parabéns. Foi difícil chamar a atenção delas para a foto, os coelhinhos do painel estavam mais interessantes. É impressionante como elas se divertiram... Bateram palmas, cantaram, comeram tudo, fizeram bagunça e ficaram tristes de me ver desmontar a parafernália. Laís não queria sair da mesa de jeito nenhum. Mesmo depois de tudo desfeito, ela voltou a sentar na cadeira (alta demais pra ela) e acabou caindo no segundo em que me virei para preparar a última mamadeira da noite. A máquina fotográfica trabalhou pouco hoje, depois de umas poucas fotos, só resolveu voltar a funcionar quando as pimpolhas já estavam dormindo. Bem, elas curtiram tudo, provando que festa de aniversário é sempre importante para qualquer criança, por menor que ela seja, e está tudo registrado, como manda o figurino. Isto é o que eu chamo de uma festa só para os íntimos, o resto é conversa. Uma pequena comemoração para uma pequena família.

Sábado. 03 de abril de 2010.

A doença, para nossa surpresa, segue seu curso e, quando pensávamos já termos nos livrado dela, a danada nos mostrou as garras. O corpo da Laís continuou descamando, começando nas partes ainda não atingidas, as mãos e pés. Uma colega de trabalho já havia me alertado sobre este fato, mas eu, diante da melhora evidente, não levei muita fé. A pediatra solicitou que ela permanecesse em casa até o fim destes sintomas e pediu que a gente controlasse a alimentação, o mais natural possível (ela não gostou nada quando eu disse que as duas comeram chocolate no aniversário). Eu voltando a trabalhar, fica meio complicado, elas devem ficar com o pai até as mãos da Laís descamarem totalmente. Com a movimentação intensa, a pele acaba saindo mais cedo do que devia, quando a de baixo ainda está sensível. Tenho feito massagens com óleo hidratante, como fiz no resto do corpo, mas nas mãos é esquisito, a pele é mais grossa, não funciona muito. Depois do banho é que fica molinha e acaba saindo naturalmente. Nos pés não sei o que fazer, passar óleo não dá, não sei se deixo de meia... Bem, ela odeia meia, vai acabar tirando, então a deixo descalça.

Eu pouco tinha ouvido falar de escarlatina, a não ser na música da bailarina, mas desde que minha filha teve, em todo lugar que comentamos o assunto aparece alguém que já teve. Como os médicos disseram, é bem comum, embora geralmente ela se apresente bem mais branda do que foi na nossa fofinha.

RESPEITANDO OS HORÁRIOS

Desde que voltei do hospital estou mantendo os horários da escola e, para minha surpresa, tive de dar razão ao meu marido, que sempre ficava em cima de mim para que eu respeitasse os horários, que seguisse uma rotina rígida... Agora vejo que ele está certo. Desde então não tenho tido problemas com as refeições – elas comem tudo – nem com a hora de dormir – elas dormem cedo. Tenho tido tempo para brincar, tempo pra mim, pra ver televisão e até para ler. Em contrapartida, como casal quase não estamos brigando, porque a maioria das nossas discussões girava em torno de um mesmo ponto: os horários. Como estou os seguindo à risca, são poucos os problemas. Nossas tarefas também estão melhor divididas. Ele prepara o leite da manhã, faz as compras, lava a louça e coloca o lixo fora. Eu preparo a mamadeira da noite, separo a roupa, dou banho e comida. O resto – que não é pouco – fica a cargo de nossas ajudantes e da escola, nos dias de semana. A rotina rígida me fez perceber que as crianças precisam de hora para tudo, e que isto traz tranqüilidade não só pra elas, mas pra gente também. Sem contar que as tarefas cotidianas, depois que você passa um tempo dentro de um hospital, passam a ter um colorido todo especial. Precisei passar por isso pra perceber como é bom estar em família, rir e dançar com minhas filhas, vê-las pular na barriga do pai ou escalar as estantes... Em qualquer lugar por onde eu passe, jamais serei insubstituível, a fila anda no meu trabalho se eu não estiver lá. Mas aqui, na minha casa, eu sou indispensável. Dois a um para o maridão, ele sempre chamava minha atenção pra isso também. Que bom que não dói nada dar o braço a torcer..