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sábado, 17 de dezembro de 2016
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Quem nunca se encantou com as histórias contadas pelos avós?
“A vida é feita de diversos sentimentos e emoções que
envolvem todas as cores. Alguns dias, elas são tão vívidas, que me lembrarei
delas para sempre. Assim como naquele dia em junho, quando, finalmente, eu
consegui dizer uma palavra, mas apenas uma, para seu avô: - Olá!”
Embora escrito em prosa, o livro" Um arco-íris de Lembranças" é uma verdadeira poesia,
tanto pelo texto sensível e emocionante, quanto pelas imagens maravilhosas. No livro, uma encantadora vovó conta uma história para os
seus netinhos dormirem. Então, ela começa a narrar sua própria vida e todos os
bons momentos que passou desde a infância, como se cada relato seu fosse
retirado, a todo momento, de um baú repleto de boas lembranças. As ilustrações são preciosas, marcantes, cheias de efeitos
como spray, texturas e padrões. O livro é emocionante e faz a gente pensar com mais carinho
nas nossas próprias recordações.
A francesa Laetitia Etienne é autora e ilustradora,
principalmente de livros infantis. Seus projetos podem ser vistos no site:
http://laetitia.etienne.free.fr/topic/index.html
Sobre a ilustradora:
Os trabalhos maravilhosos de Leila Brient estão disponíveis
no blog http://leilabrient.blogspot.com.br/
Andreia Marques é escritora e designer.
domingo, 4 de dezembro de 2016
Como fazer com que seu filho tenha interesse pela leitura?
Estávamos assistindo ao programa do Silvio Santos e ele disse, depois de ouvir o nome de uma participante - Poliana - que a próxima novela que sua mulher estava escrevendo chamava-se Poliana. Aproveitei a deixa e contei a minha história com este livro, que tinha dois volumes, que li mais ou menos na idade delas, e coisa e tal. Laís foi logo pesquisar na internet e naquela semana chegou da escola com o livro na mão. Confesso que fiquei triste no início, pois reparei que se tratava de uma adaptação, uma versão resumida. Depois de algumas tentativas frustradas de encontrar o original, o livro ficou quieto na estante. Esperando seu tempo. Não foi entregue no prazo. A pedido da Ísis comecei a leitura em voz alta todas as noites e algumas tardes no fim de semana. Laís não costuma ouvir as leituras noturnas pois cedinho adormece. Foi acompanhando sozinha mesmo, procurando seguir nosso ritmo. Eu me empenhei em fazer as vozes e por vezes fiquei até mais envolvida que elas. Aos quarenta anos reler um livro de infância é um caso sério. .. de paixão revisitada.. rs. O livro chegava ao fim quando a Ísis gritou: "Não lê mais não! Deixa pra amanhã! Não quero que acabe! " Deixei para terminar no dia seguinte mas ela repetiu o discurso. Virei de lado pra ler silenciosamente mas ela não deixava, queria puxar o livro da minha mão! Eu insisti: "Quero ler, estou muito curiosaaaaa!!!” Ísis acabou cedendo em escutar o final da história. Meu argumento foi a promessa de conseguirmos o livro "Poliana moça" para continuar. Nesse meio tempo professora escreveu bilhetes, reclamou do atraso na entrega... Mas não devia nem imaginar o que se passava por aqui. A mãe voltando ao passado, as meninas se encantando com a trama... Quem diria: tudo começou assistindo a um programa odiado pelos intelectuais e ainda por cima na TV aberta. Imagine quando começar esta novela, quantas crianças vão querer ler o livro... Dica para mamães, papais e professores: se querem que seu filho ou aluno leia, façam propaganda dos livros que vocês leram na infância. Já diz o ditado: "A propaganda é alma do negócio".
sábado, 19 de novembro de 2016
Clássico infantil preferido pelas crianças norte-americanas ganha sua primeira edição brasileira
Desde criança desejamos muitas coisas. Algumas aparentemente
sem importância, como ter um determinado brinquedo. Outras bastante
significantes, que dizem muito sobre o nosso universo íntimo, como desejar ser
outra pessoa, ter outra personalidade ou essência. É o que conta o livro O
Coelho de Veludo, de Margery William. Na história, um fofíssimo coelhinho de pelúcia sonha ser, um
dia, um coelho de verdade. O que se transforma em uma aventura genial. O livro, que é um dos clássicos infantis preferidos pelas
crianças norte-americanas, ganhou, agora, sua primeira edição brasileira,
através da editora Poetisa. As ilustrações aquareladas de Marcela Fehrenbach são
delicadas e poéticas. Compõem um trabalho artístico à parte, que nos convida a
permanecer no mundo do pequeno coelhinho. Enfim, é um livro de história emocionante e sensível.
Sobre a autora:
A inglesa Margery William nasceu em 1881 e faleceu em 1944.
Escreveu vários livros infantis de sucesso.
Sobre a ilustradora:
A ilustradora Marcela Fehrenbach é brasileira e formada em
Design Gráfico. Saiba mais sobre seu trabalho visitando o site:
http://www.behance.net/marcelaf
Sobre o tradutor:
O paranaense Davi Gonçalves é doutorando em Estudos da
Tradução na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Curiosidades:
- O Coelho de Veludo é o livro preferido do Chandler, da
série Friends. Saiba mais em http://www.editorapoetisa.com.br/#!blog/c1fc5
- A editora Poetisa é especializada em traduções literárias
e foi fundada em 2014, pelas amigas Cynthia Beatrice Costa (jornalista e
tradutora) e Juliana Lopes Bernardino (jornalista, editora e estudante de
psicologia).
- O primeiro livro da editora Poetisa foi lançado no final
do ano passado: uma versão pouco conhecida do conto de fadas A Bela e a Fera.
Para saber mais sobre o livro:
Andreia Marques é escritora e designer.
domingo, 13 de novembro de 2016
Seu filho precisa sempre provar que é capaz?
Já eram
onze horas da noite e a Ísis há pouco havia começado a escrever um texto
ensaiado desde às sete da noite. Reconheço: ameacei deixá-la sem celular,
mas acho que o objetivo maior era alcançar a meta da irmã, que escreve muitas
histórias, todas de muitas e muitas laudas. De início pensei que ela estava
mais preocupada com a quantidade de linhas utilizadas e menos envolvida na
história. Depois notei que o tema era bem familiar: amor de mãe e
bebê, seu assunto preferido. Eu já estava ensaiando para deitar nos
braços de Morfeu e Ísis busca mais e mais linhas para provar ao mundo que
também é capaz. Para mim ela não precisa provar mais nada. No entanto, o
mundo tem seus tortos trejeitos. O mundo não está preparado para a mudança. O
mundo não está preparado para abraçar todos os ritmos. A ciência e a tecnologia
avançam muito rápido. Mas e dentro da gente? Também? Creio que não. Do lado de
dentro a mudança é uma irmã que dança baladas, só caminha a passos lentos…
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
10 frases que mais escutei depois que fui mãe (parte 2)
6. Ainda não anda? O meu com 9 meses já corria!
Por causa deste tipo de comentário eu vivia estressada. Consultei neuros,
psicólogos, outros pediatras, pois elas demoraram a fazer tudo. Naquele livro
onde se registram as vacinas, a cartilha de saúde da criança, tem um guia do
que a criança deve ser capaz de fazer a cada período do desenvolvimento, e
definitivamente elas não obedeceram aos parâmetros. Não sentaram aos seis
meses, não engatinharam aos oito meses, não andaram com um ano. Minha mãe
sempre dizia que eu, na minha festa de um ano, corria! Os médicos, no entanto,
achavam que eu estava louca, tudo normal, talvez um tempo maior por conta da
prematuridade. Na fala foi pior, eu fiquei muito neurótica! Mas este assunto merece
outro texto, foi uma verdadeira novela!
7.Elas não podem estudar na mesma sala de aula.
Não é bom!
Se vocês forem pesquisar, com certeza vão encontrar inúmeros
profissionais (professores, pedagogos, psicólogos) defendendo a separação dos gêmeos
na escola. Eu sou pedagoga também mas não acho que deve ser assim, a ferro e
fogo. Numa das escolas em que trabalhei decidimos separar duas gêmeas e uma
delas passou praticamente todo o primeiro período do ano letivo chorando. Para
a irmã, foi super tranquilo. Rola uma
dependência mesmo(normalmente de uma das partes), mas, na minha opinião, este
laço tem que ser cortado devagar, respeitando o tempo de cada um. Ou pode só
acontecer bem mais tarde, o que é que tem? Sem neuras.
8. Quem é a mais bagunceira?
Essa frase eu escuto até hoje. É desculpa para puxar assunto, porque a
resposta está sempre na cara. A Ísis sempre chega mexendo nas coisas, fazendo
perguntas inconvenientes, querendo saber de tudo. Ela já derrubou uma bandeja
inteira de salgados numa festa e já esticou os dois pés (com sapato e tudo) no
sofá da casa de uma pessoa que eu nem tinha intimidade. Já nasceu
estripulimaníaca. A Laís se contenta em morrer de vergonha. Quando saio só com
ela nem parece que estou com criança. Ela que toma conta de mim.
9. Estão doentes de novo? Depois dos 7 anos essa
fase passa!
Essa frase eu demorei para deixar de escutar. Elas têm asma e quando
menores, ficavam internadas com frequência, principalmente a Laís que tinha a
imunidade muito baixa. O que as pessoas não entendem é que a asma não se cura
com xaropes caseiros. É uma doença crônica que exige tratamento
contínuo, assim como a diabetes e a hipertensão. Demoramos mas conseguimos encontrar
médicas maravilhosas que acompanham até hoje nossas pequenas. Até hoje gastamos
uma fortuna nas medicações de controle, mas crises, nunca mais! Muita oração
também é importante, eu digo sempre que a saúde delas foi graça alcançada numa Novena
a Nossa Senhora das Graças.
10. Que lindas!
Esta também, escuto até hoje, principalmente pelo Facebook. Mas logo no
início, quando ainda eram bebezinhas, entramos em um elevador junto com uma atriz
famosa e ninguém ligou para ela, só ficaram paparicando minhas meninas. Até a
tal celebridade não resistiu e babou ovo das duas! O que fazer , são realmente
lindas: espontâneas, graciosas... Mamãe baba!
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
10 frases que mais escutei depois que fui mãe (parte1)
1. Elas são gêmeas? Não parece.
A maioria da população acha que gêmeos são sempre iguais. Quando bebês
era mais fácil perceber, eu procurava vestir igual pra deixar bem CLARO que Se tratava
de gêmeas. Mas depois as pessoas começaram a me perguntar a idade. “Quantos anos
ela tem? E essa?” Diante da mesma resposta chegavam à conclusão. Quando eu
estava sem paciência, sorria pra mim eu já dizia logo: “ São gêmeas”, e evitava
as duas perguntas. Mas não me livrava das próximas ...
2. Essa aqui é a sua cara! A outra é a cara do pai!
Realmente uma é a minha cara e a outra é a cara do pai, mas como meu
marido é negro e minha filha mais clarinha, nunca ninguém acertava a tal
parecença, focavam muito mais na cor do que nos traços. A mais morena tinha que
parecer com o pai, mesmo que minhas fotos de criança fossem exatamente a cópia
dela. Algumas vezes eu nem discutia, deixava pra lá...
3. Você teve parto normal? Como assim?
Há uma cultura na sociedade brasileira de que gêmeos só podem nascer de
parto cesárea, com risco de sofrimento do segundo que vem ao mundo. Minha
médica ficou uma fera quando eu disse que queria tentar parto normal, e no dia
em que minha bolsa estourou (com 31 semanas) ela resolveu me deixar de castigo
e só apareceu quando o trabalho de parto já estava bem avançado. Mandou
preparar o centro cirúrgico e depois desistiu, já estava coroando. Quem me salvou foi minha doula, Tania Pimentel,
que me orientou por telefone, relembrando as estratégias para diminuir a dor
enquanto a doutora não chegava. A tal
médica fez questão de proibir a presença dela na sala do parto. Nem meu marido
ela deixou entrar. Depois me arrependi de
não ter seguido os conselhos da Tania e mudar de médico. Na minha cabeça trocar
no meio da gestação estava fora de cogitação, prejudicaria o acompanhamento do
processo. Realmente minha segunda filha entrou em sofrimento, mas por
negligência da médica, não por ter vindo ao mundo por parto normal. Eu
recomendo escolher bem o médico e procurar uma integração entre ele e a sua
doula, mas parto normal é perfeitamente possível, mesmo para quem vai dar à luz
a gêmeos.
4. Meu sonho sempre foi ter gêmeos!
Imagine o que é ouvir isso quando você está toda estropiada, descabelada,
pálida, sem dormir há meses, sem tempo nem para tomar banho ou comer direito...
Nessas horas eu só pensava que a pessoa devia estar louca, ou então tinha dinheiro
para pagar quatro babás... A primeira noite que eu dormi inteira elas já tinham
três anos! Eu vivia irritada, tive um início de depressão... A natureza é
sábia, a mulher foi feita para carregar apenas um bebê de cada vez.
5. Já sei! Você fez tratamento pra engravidar, né?
Quem
me conhece bem não fez essa pergunta, claro, pois sabe que tenho quatro irmãos
adotivos e seria muito mais natural para mim adotar (na impossibilidade de
engravidar naturalmente)do que fazer uma fertilização. Não tenho nada contra quem faz, mas me assusta a
falta de controle sobre os embriões fecundados, não sou a favor do descarte e
congelar todo mundo sabe que é muito caro. Mas a maioria das pessoas custava muito a acreditar que engravidei naturalmente. Por que eu mentiria? Quando me questionavam eu sempre contava a história da minha bisavó,
que engravidou quatro vezes de gêmeos, o que me deixava muito propensa a
gravidez gemelar. Naquela época não havia muitos recursos e só Tereza e Teresinha
sobreviveram, os bebês das gestações
anteriores não resistiram. O engraçado é
que só me contaram das quatro barrigas quando eu já estava grávida e sabia que eram duas...
terça-feira, 8 de novembro de 2016
Filha de cacheada, cacheada é...
Laís
está vivendo o processo de aceitar seu cabelo cacheado. Mesmo tendo a mim como modelo, ainda relutava
muito em sair com os cabelos soltos, me pedia sempre para fazer rabo de cavalo.
Ele fica bastante cheio e o volume a incomoda. Eu ensinei que cabelo enrolado
não pode se ficar mexendo, pois desmancha os cachos. Mas ela nunca aguentava
ficar muito tempo sem colocar a mão nos cabelos... e adeus cachos. Outro dia saímos e Laís aceitou libertá-los do elástico. E mais:
aguentou firme a vontade de mexer nas
mechas. Quando chegamos ao local, uma pessoa perguntou: "Qual é o segredo
desses cachinhos?" Ela respondeu:
"É não mexer." Voltou
pra casa toda orgulhosa. Os cachos eram
o seu troféu.
domingo, 6 de novembro de 2016
Garoando (Fabiana Esteves)
"Mãe tá garoando..."
"E o que é garoando?"
"Tá pingando pequeno..."
"E o que é garoando?"
"Tá pingando pequeno..."
Está garoando
Pingando pequeno
Miúdo
Levinho
Feito gota de orvalho
Na folha de árvore
Na calçada
Tem poça
Tem piscina de Polegarzinha
Recebendo bicadinhas
Caídas de nuvem
Está garoando
Pingando pequeno
Miúdo
Levinho
Daqui de dentro
De grande
Só a vontade de brincar
Lá fora
E a imaginação
Que cresce
Feito bolha de sabão
Pingando pequeno
Miúdo
Levinho
Feito gota de orvalho
Na folha de árvore
Na calçada
Tem poça
Tem piscina de Polegarzinha
Recebendo bicadinhas
Caídas de nuvem
Está garoando
Pingando pequeno
Miúdo
Levinho
Daqui de dentro
De grande
Só a vontade de brincar
Lá fora
E a imaginação
Que cresce
Feito bolha de sabão
sábado, 5 de novembro de 2016
Dica de livro ( by Andreia Marques)
Quanta tristeza deve existir no canto de um passarinho preso
em uma gaiola? Claro que não podemos mensurar, mas se fôssemos capazes de
decifrar sua linguagem, certamente entenderíamos que seu canto é uma forma de
lamento, de súplica por liberdade. É e justamente sobre esse tema que aborda o livro Viveiro de
Pássaros, de Braguinha (Editora Rocco). Na história, Seu Manduca e seu filho Pinduca possuíam
um grande viveiro. Lá existiam vários tipos de passarinhos, que cantavam uma
sinfonia triste, peculiar dos animais que foram feitos para voar e não para
serem mantidos num espaço minúsculo. Assim viviam todos os dias até que, em
determinado momento, chega neste viveiro um ilustre pica-pau-de-penacho.
Esperto como ninguém, ele decide que não ficará ali por muito tempo e trama um
plano para escapar daquele cativeiro. E será que ele conseguiu?
As ilustrações são graciosas. Tatiana Paiva utilizou
recortes de papel, retalhos de tecido, bordados, pinturas e texturas para
compor o visual da história. O resultado final foi bem criativo, colorido,
maravilhoso mesmo.
Sobre o autor:
Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha ou João de Barro,
nasceu no Rio de Janeiro em 1907. Morreu em 2006. Era compositor, roteirista,
assistente de direção e dublagem.
Sobre a ilustradora:
A ilustradora Tatiana Paiva nasceu em São Paulo em 1977. Seu
trabalho está disponível no site http://www.tatipaiva.com.br/
Andreia Marques é escritora e designer. http://www.andreiamarques.com.br/ |
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Do jeito dela...
Cada vez tenho mais certeza de que todo ser humano tem seus processos bem particulares de aprendizado. Ísis é o maior exemplo disso. Não mostra concentração nem pra comer, só consegue manter a atenção quando faz arte, sua maior paixão. Ama pintura, recorte e colagem, escultura... Mas agora algumas de suas atitudes têm me surpreendido muito. Ela sempre leu muito comigo, geralmente histórias já conhecidas...eu vou parando onde ela já consegue ler sozinha. Não se atrevia muito a tentar livros diferentes, preferia se acomodar nas palavras que sabe de cor, que não são poucas. De uns tempos pra cá, tudo mudou. Mais precisamente quando notou que a irmã não precisa mais de mim para ler os livros que deseja. Agora quer tentar novos livros e às vezes engata um no outro, sem demonstrar cansaço. Novidade para quem não se concentrava em nada. Novidade para quem deixa os deveres da escola sempre incompletos. Ela ainda desanima diante de uma palavra que não domina, é claro. Neste caso eu leio, mas ela tem até tentado arriscar. O processo de alfabetização da Ísis é muito centrado na imagem mental das palavras, as intervenções a atrapalham imensamente, a deixam insegura... Acho que nunca acompanhei nenhum aluno que fosse assim, ou não tinha olhos de ver ou feeling para perceber, não li as entrelinhas. Ela tem seu estilo. Tem um tempo próprio, um jeito muito particular de construir conhecimento... E veio para desestabilizar tudo que eu pensava que sabia. Hoje de manhã eu a flagrei deitada na minha cama com um livro de poemas do Manuel Bandeira que tirou da estante, muito antigo, sem capa. Estava lá, tentando ler um poema sozinha... Quando me viu, pediu ajuda. No entanto, já não estou tão certa de quem realmente precisava de ajuda no momento, se ela ou eu.
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