sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Ainda escrevemos cartas?


Outro dia estávamos no consultório e vimos uma revista com uma reportagem sobre pessoas que ainda se correspondiam por carta.  Eu sempre gostei de cartas. Para ler, para escrever... Contei pra Laís  que trocava cartas com minha madrinha de coração, a tia Glória, durante toda a minha infância  e até há bem pouco tempo, com meu amigo João Ximenes. Ela se animou a escrever. Já escreveu cartas para três pessoas. Fui ensinando a preencher o envelope, a deixar espaço para o selo, a importância da letra bem legível... Cada vez mais me surpreendo não com o talento, mas com a vocação dela para escrever. E tenho mais certeza do valor do exemplo. Pode até ser que a sociedade não dê  a mínima para a literatura, e daí? Por aqui se dá valor e se briga todos os dias por um espaço para divulgar e valorizar a poesia que brota dos terrenos mais inférteis. Carregar água na peneira, eis a nossa sina.


sábado, 14 de janeiro de 2017

Quem vai acreditar que existe um elefante entalado na minha janela?

Que tal se deparar com um elefante indiano, de 5 toneladas, tentando entrar em sua casa, pela janela? Foi o que aconteceu no livro O Elefante Entalado, de Alonso Alvarez. Na história, um menino chamado Luís, que morava no décimo terceiro andar de um prédio, foi surpreendido por um elefante “engasgado” na janela de seu quarto. O grande personagem acabou ficando metade para dentro e metade para fora, completamente entalado e correndo o risco de despencar prédio abaixo. E, mesmo que o pobre elefante e o menino Luís tentassem, de várias formas, fazer com que escorregasse para dentro do quarto, não conseguiram mover seu corpo robusto um centímetro sequer. Preocupado, Luís decidiu pedir ajuda. Primeiro, desceu o prédio e tentou na rua, sem sucesso. Cada um dos que olhavam pra cima, e via o grande traseiro suspenso, pensava algo diferente e não dava crédito ao menino, que resolveu pedir auxílio nos apartamentos do próprio prédio, batendo de porta em porta. Mas, novamente, ninguém lhe deu ouvidos, acreditando se tratar, apenas, de uma fantasia pueril. Os diálogos são bem engraçados e as ilustrações, todas digitais, simulam várias técnicas como recortes, traços e processos tradicionais de pintura, como aquarela.  É um livro de história cativante, uma fábula urbana, que faz a gente rever o mundo sob a ótica de uma criança e repensar a respeito do quanto a sabedoria infantil é capaz de nos ensinar e inspirar sempre.


Andreia Marques é escritora e designer.