quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

IN-TENSO (OU VIGÍLIA)


Tudo mais in-tenso
os ódios
e remorsos
as letras das canções
os acessos de raiva
e o tamborilar dos dedinhos
nos meus
ao sabor das notas
que tocam
e me tocam
agora mais in-tensa
e imensa-mente.
Os pingos de chuva
as tintas
que pintam as
palavras do meu dia
ou as telas
da minha parede.
Há quem observe
atenta-mente
o que era objeto
só meu
de contemplar.
Há quem ame
escute
cante
sorria
comigo.
E vire o seu olhar
na mesma direção
que o meu.
E de longe enxergue
algo que ninguém viu
mas eu vi
a quatro pequeninos olhos
emprismesmados
nas suas mais di-versas
formas:
num achegar-se de ombros
ou num choro sentido
que para
apertado no
a-braço
quente, só de
pegá-la nos braços
e esquecer tudo
que ninguém viu
mas eu vi
num tamborilar de dedos
ao som de uma canção
qualquer.

(Dia 30 de dezembro de 2009, depois que Laís, ao som de Vigília, observava a tela que ganhei de Natal na minha parede alta. Ao mesmo tempo, tamborilava os dedinhos nos meus, no ritmo da canção. Depois pegou seu paninho, aninhou-se no meu colo e dormiu.)