quinta-feira, 10 de maio de 2018

Carta para Ísis

Querida filha,
Eu queria te oferecer um mundo mais belo, filha, mas infelizmente o mundo que eu tenho para te dar é muito injusto. Os olhos grandes que aparecem nos teus desenhos não se encaixam nos moldes, os malditos moldes... Muita gente vai rir da maneira linda como você constrói seus próprios brinquedos e do jeito que você presenteia a gente o tempo todo mesmo sem precisar passar em loja alguma porque os presentes são sempre feitos por você. Nesse mundo não há espaço para entender como a sua cabeça engendrou os cálculos matemáticos e mesmo que tudo dê certo no final, ninguém entende muito bem como você chegou lá. Não bastaria simplesmente entender que foi diferente? Mas o mundo não está preparado para o diferente. O mundo é feito de caixas. Cada um tem a sua. A gente precisa entrar nela. Você escolheu não entrar, você pega a caixa e faz dela uma porção de coisas que para maioria das pessoas é totalmente inútil. Um dia, filha, elas também vão se sentir inúteis. E aí talvez elas queiram sair da caixa. O mundo não estará preparado para elas do mesmo jeito que não estão preparados para você Pensam que é preciso estratégias mirabolantes para se aproximarem de você, mas não , não é preciso tanto. Você é uma porta aberta, basta a gente decidir entrar. É como você falou um dia quando fez um boneco de caixa de papelão e colocou o coração lá dentro. Não dava para ver o coração do lado de fora, mas você disse que ele era muito necessário, que não tinha como fazer um boneco sem que tivesse um coração lá dentro. Também acho, filha. Também tenho um coração por dentro que já gritava para defender os direitos de todas as crianças de aprender, de ter livro, história e voz. Antes mesmo de você nascer o meu coração já gritava. Ele só não esperava ter que esbravejar. Eu queria te dar um mundo melhor para você viver, filha, mas acho que você tem o poder de transformá-lo muito mais do que eu. Se eu tiver que gritar eu grito, mas os teus olhos grandes talvez façam mais barulho. Essa carta poderia terminar agora ou continuar para sempre. Eu escolho continuar. Sei que todos os dias vamos ter uma história nova para contar. Nem sempre vai ser uma história engraçada, pode ser uma história triste, de angústia e mágoa. Mas nunca vamos parar de contar. Se tiver que contar mais alto para mais gente escutar, continuaremos contando, gritando se for necessário. Para mais gente começar a olhar tudo com seus olhos grandes. E aí quem sabe começar a enxergar o coração do outro que, escondido dentro da caixa, pulsa.
Beijos da mamãe,
Fabiana.

Rio de janeiro, 26 de abril de 2017

terça-feira, 23 de maio de 2017

Dever de casa: mocinho ou vilão?






O dever de casa, para muitas famílias, é um indicativo de que a escola é forte ou fraca. Como pedagoga eu discordo. Como mãe também.  Como pedagoga eu posso emitir meu parecer. Como mãe, só a minha opinião mesmo. Como pedagoga eu oriento sempre que o dever de casa precisa ser simples a ponto de a criança conseguir fazer sozinha (evitando que os adultos façam por ela); e possa resgatar um pouco do que foi trabalhado em aula, fortalecendo o elo escola/família.  Sei que o dever de casa é o momento que os pais tiram para participar da vida escolar dos filhos. Muitas crianças não têm nenhuma atenção por parte dos que cuidam delas, às vezes o dever de casa ou o compromisso de estudar para as provas é o único momento em que os adultos se voltam para ela. O responsável se sente obrigado a dar atenção ao filho. Talvez por isso muitas mães e pais sintam tanta falta do dever de casa.
Como professora eu não costumava passar dever de casa para os meus alunos, a não ser que fosse para trazer alguma informação ou material que fôssemos usar na sala de aula.  Eu não costumava passar, mas às vezes enviava para casa alguns exercícios de Matemática, leituras a fim de se preparar para uma apresentação... Era sempre algo que continuaria na sala de aula.  A tarefa  era sempre o primeiro passo de uma atividade coletiva. Se eu pretendia propor a escrita de um texto sobre determinado assunto, solicitava que trouxessem reportagens ou livros que tivessem em casa sobre o assunto. Se eu pretendia fazer uma receita, pedia que trouxessem os ingredientes.  Se eu pretendia  conversar sobre as famílias eu sugeria que fizessem entrevistas ou trouxessem fotos e outros objetos pessoais...
Minhas filhas também trazem alguns deveres muito legais, que eu nem chamaria de deveres e sim de prazeres de casa, emprestando as palavras do meu amigo escritor Márcio Vassallo.  Um desses prazeres  é o diário. O diário é um projeto da escola, mas sempre foi também um projeto de casa, um prazer de casa.  Outro dia chegou um bem interessante:  elas  tinham  que fazer uma entrevista comigo. Foi um movimento intenso, eu não sabia bem onde nos levaria.  Tomei  um susto quando vi que a entrevista tinha virado uma biografia minha escrita a quatro mãos. Ficou incrível, um texto emocionante e verdadeiro. Ísis completou o trabalho desenhando meu retrato em forma de anjo. Amei.
 Na maioria das escolas o dever de casa costuma assumir duas funções: a de forçar uma participação dos responsáveis na vida escolar da criança e fixar o que foi trabalhado em aula. Depende, é claro,  da proposta pedagógica da instituição.  Não gosto muito dessas duas palavras:  forçar e fixar. Elas não têm coerência com a minha proposta de trabalho. Forçar não faz sentido em nenhuma circunstância. Fixar só  faz sentido se o foco for a memorização e não a construção do conhecimento.  Se como professora eu já não costumo passar dever de casa, como mãe eu posso dizer que às vezes ele é uma pedra no nosso sapato. Aqui em casa fazemos muitas atividades quando estamos juntos.  Elas jogam xadrez entre si e com pai (eu nunca consegui aprender,  diga-se de passagem),  veem filmes nada comerciais, leem muito, fazem resenhas para o canal literário que elas têm no YouTube,  visitam a biblioteca perto de casa, produzem textos utilizando o aplicativo de notas do celular, pesquisam assuntos sobre os quais têm curiosidade na internet, escrevem em cartas para parentes  e amigos próximos  (que realmente seguem pelo correio), constroem brinquedos a partir de sucata, fazem trabalhos artísticos com diferentes materiais... As atividades muitas vezes são tão ricas e criativas que eu fico com pena de pedir para que elas interrompam o que estão fazendo para iniciar um dever de casa ou estudar a matéria da prova. Sei que essa não é a realidade da maioria das famílias. Agora mesmo elas estão jogando um jogo de trilha de perguntas e respostas de Ciências, História,  Geografia, Esportes, Artes... Ainda bem que hoje não tem dever de casa. Não preciso interromper a partida de xadrez, não preciso pedir que elas guardem o jogo de perguntas e respostas e muito menos que larguem pelo meio uma história que elas decidiram  inventar.
Não quero aqui colocar o dever de casa como o mocinho ou vilão, mas não custa pensar um pouco sobre ele e sobre as nossas escolhas enquanto responsáveis por uma criança em formação.  A interação entre os membros de uma família deve ser prioridade.
Termino este texto e Laís me chama querendo dividir comigo a leitura de um livro. Dá pra recusar?


terça-feira, 16 de maio de 2017

"O Mundo inteiro" na palma da sua mão!

Em época de smartphones e tablets, observar o mundo à nossa volta é coisa cada vez mais rara. Intensamente conectados com o virtual, mal conversamos pessoalmente com nossos próprios amigos, e o que dirá dispor de alguns míseros minutos para apreciar o ruído da chuva ou andar descalço na grama! É algo impensável! E quando temos a oportunidade de ter em mãos um livro como O Mundo Inteiro, de Liz Garton Scanlon, é que nos damos conta de que não enxergamos a vida que se manifesta, o tempo todo, à nossa volta. E aí, compreendemos, com certo espanto, o quanto é divertido viver nesse mundo imenso e rico de detalhes que se apresenta, naturalmente, no agora, independente de nossa vontade ou percepção.As ilustrações são fabulosas, cheias de movimento, traços e cores. A obra faz parte da coleção Itaú de Livros Infantis.

Quer saber mais?

- http://www.lizgartonscanlon.com/
- http://www.marlafrazee.com

Andreia Marques é escritora, ilustradora e designer gráfica.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Ainda escrevemos cartas?


Outro dia estávamos no consultório e vimos uma revista com uma reportagem sobre pessoas que ainda se correspondiam por carta.  Eu sempre gostei de cartas. Para ler, para escrever... Contei pra Laís  que trocava cartas com minha madrinha de coração, a tia Glória, durante toda a minha infância  e até há bem pouco tempo, com meu amigo João Ximenes. Ela se animou a escrever. Já escreveu cartas para três pessoas. Fui ensinando a preencher o envelope, a deixar espaço para o selo, a importância da letra bem legível... Cada vez mais me surpreendo não com o talento, mas com a vocação dela para escrever. E tenho mais certeza do valor do exemplo. Pode até ser que a sociedade não dê  a mínima para a literatura, e daí? Por aqui se dá valor e se briga todos os dias por um espaço para divulgar e valorizar a poesia que brota dos terrenos mais inférteis. Carregar água na peneira, eis a nossa sina.


sábado, 14 de janeiro de 2017

Quem vai acreditar que existe um elefante entalado na minha janela?

Que tal se deparar com um elefante indiano, de 5 toneladas, tentando entrar em sua casa, pela janela? Foi o que aconteceu no livro O Elefante Entalado, de Alonso Alvarez. Na história, um menino chamado Luís, que morava no décimo terceiro andar de um prédio, foi surpreendido por um elefante “engasgado” na janela de seu quarto. O grande personagem acabou ficando metade para dentro e metade para fora, completamente entalado e correndo o risco de despencar prédio abaixo. E, mesmo que o pobre elefante e o menino Luís tentassem, de várias formas, fazer com que escorregasse para dentro do quarto, não conseguiram mover seu corpo robusto um centímetro sequer. Preocupado, Luís decidiu pedir ajuda. Primeiro, desceu o prédio e tentou na rua, sem sucesso. Cada um dos que olhavam pra cima, e via o grande traseiro suspenso, pensava algo diferente e não dava crédito ao menino, que resolveu pedir auxílio nos apartamentos do próprio prédio, batendo de porta em porta. Mas, novamente, ninguém lhe deu ouvidos, acreditando se tratar, apenas, de uma fantasia pueril. Os diálogos são bem engraçados e as ilustrações, todas digitais, simulam várias técnicas como recortes, traços e processos tradicionais de pintura, como aquarela.  É um livro de história cativante, uma fábula urbana, que faz a gente rever o mundo sob a ótica de uma criança e repensar a respeito do quanto a sabedoria infantil é capaz de nos ensinar e inspirar sempre.


Andreia Marques é escritora e designer.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Sorteio de Natal


Quer ganhar um exemplar do meu livro "Diário Caótico de uma mãe em dose dupla- primeiro ano" ? Vou realizar um sorteio dia 23 de dezembro. Para concorrer basta estar entre os seguidores deste blog.




segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Quem nunca se encantou com as histórias contadas pelos avós?

A vida é feita de diversos sentimentos e emoções que envolvem todas as cores. Alguns dias, elas são tão vívidas, que me lembrarei delas para sempre. Assim como naquele dia em junho, quando, finalmente, eu consegui dizer uma palavra, mas apenas uma, para seu avô: - Olá!”

Embora escrito em prosa, o livro" Um arco-íris de Lembranças é uma verdadeira poesia, tanto pelo texto sensível e emocionante, quanto pelas imagens maravilhosas. No livro, uma encantadora vovó conta uma história para os seus netinhos dormirem. Então, ela começa a narrar sua própria vida e todos os bons momentos que passou desde a infância, como se cada relato seu fosse retirado, a todo momento, de um baú repleto de boas lembranças. As ilustrações são preciosas, marcantes, cheias de efeitos como spray, texturas e padrões. O livro é emocionante e faz a gente pensar com mais carinho nas nossas próprias recordações.


 Sobre a autora:
A francesa Laetitia Etienne é autora e ilustradora, principalmente de livros infantis. Seus projetos podem ser vistos no site: http://laetitia.etienne.free.fr/topic/index.html

Sobre a ilustradora:
Os trabalhos maravilhosos de Leila Brient estão disponíveis no blog http://leilabrient.blogspot.com.br/


Andreia Marques é escritora e designer.



domingo, 4 de dezembro de 2016

Como fazer com que seu filho tenha interesse pela leitura?



Estávamos assistindo ao programa do Silvio  Santos  e ele disse, depois de ouvir o nome de uma participante - Poliana - que a próxima novela que sua mulher estava escrevendo chamava-se Poliana. Aproveitei a deixa e contei a minha história com este livro, que tinha dois volumes, que li mais ou menos na idade delas, e coisa e tal. Laís foi logo pesquisar na internet  e naquela semana chegou da escola com o  livro na mão.  Confesso que fiquei triste no início, pois reparei que se tratava de uma adaptação, uma versão  resumida. Depois de algumas tentativas frustradas de encontrar o original, o livro ficou quieto na estante. Esperando seu tempo. Não foi entregue  no prazo. A pedido da Ísis  comecei a leitura em voz alta todas as noites e algumas tardes no fim de semana. Laís não costuma ouvir as leituras noturnas pois cedinho adormece. Foi acompanhando sozinha mesmo, procurando seguir nosso ritmo. Eu me empenhei em fazer as vozes  e por vezes fiquei até mais envolvida que elas. Aos quarenta anos reler um livro de infância é um caso sério. .. de paixão revisitada.. rs. O livro chegava ao fim quando a Ísis gritou: "Não lê mais não!  Deixa pra amanhã! Não quero que acabe! " Deixei para terminar no dia seguinte mas ela repetiu o discurso.  Virei de  lado pra ler silenciosamente mas ela não deixava, queria puxar o livro da minha mão! Eu insisti: "Quero ler, estou  muito curiosaaaaa!!!” Ísis acabou cedendo em escutar o final da história. Meu argumento foi a promessa de conseguirmos o livro "Poliana moça" para continuar. Nesse meio tempo professora escreveu bilhetes,  reclamou do atraso na entrega... Mas não devia nem imaginar o que se passava por aqui. A mãe voltando  ao passado, as meninas se encantando com a trama... Quem diria: tudo começou assistindo a um programa odiado  pelos intelectuais e ainda por cima na TV aberta.  Imagine quando começar esta novela, quantas crianças vão querer ler o livro... Dica para mamães, papais e professores: se querem que seu filho ou aluno leia, façam propaganda dos livros que vocês  leram  na infância. Já diz o ditado: "A propaganda é alma do negócio".

sábado, 19 de novembro de 2016

Clássico infantil preferido pelas crianças norte-americanas ganha sua primeira edição brasileira

Desde criança desejamos muitas coisas. Algumas aparentemente sem importância, como ter um determinado brinquedo. Outras bastante significantes, que dizem muito sobre o nosso universo íntimo, como desejar ser outra pessoa, ter outra personalidade ou essência. É o que conta o livro O Coelho de Veludo, de Margery William. Na história, um fofíssimo coelhinho de pelúcia sonha ser, um dia, um coelho de verdade. O que se transforma em uma aventura genial. O livro, que é um dos clássicos infantis preferidos pelas crianças norte-americanas, ganhou, agora, sua primeira edição brasileira, através da editora Poetisa. As ilustrações aquareladas de Marcela Fehrenbach são delicadas e poéticas. Compõem um trabalho artístico à parte, que nos convida a permanecer no mundo do pequeno coelhinho. Enfim, é um livro de história emocionante e sensível.


Sobre a autora:
A inglesa Margery William nasceu em 1881 e faleceu em 1944. Escreveu vários livros infantis de sucesso.

Sobre a ilustradora:
A ilustradora Marcela Fehrenbach é brasileira e formada em Design Gráfico. Saiba mais sobre seu trabalho visitando o site: http://www.behance.net/marcelaf

Sobre o tradutor:
O paranaense Davi Gonçalves é doutorando em Estudos da Tradução na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Curiosidades:
- O Coelho de Veludo é o livro preferido do Chandler, da série Friends. Saiba mais em http://www.editorapoetisa.com.br/#!blog/c1fc5
- A editora Poetisa é especializada em traduções literárias e foi fundada em 2014, pelas amigas Cynthia Beatrice Costa (jornalista e tradutora) e Juliana Lopes Bernardino (jornalista, editora e estudante de psicologia).
- O primeiro livro da editora Poetisa foi lançado no final do ano passado: uma versão pouco conhecida do conto de fadas A Bela e a Fera.

Para saber mais sobre o livro:


Andreia Marques é escritora e designer.

domingo, 13 de novembro de 2016

Seu filho precisa sempre provar que é capaz?

Já eram onze horas da noite e a Ísis há pouco havia começado a escrever um texto ensaiado desde às sete da noite. Reconheço: ameacei deixá-la sem celular, mas acho que o objetivo maior era alcançar a meta da irmã, que escreve muitas histórias, todas de muitas e muitas laudas. De início pensei que ela estava mais preocupada com a quantidade de linhas utilizadas e menos envolvida na história. Depois notei que o tema era bem familiar: amor de mãe e bebê, seu assunto preferido.  Eu já estava ensaiando para deitar nos braços de Morfeu e Ísis busca mais e mais linhas para provar ao mundo que também é capaz. Para mim ela  não precisa provar mais nada. No entanto, o mundo tem seus tortos trejeitos. O mundo não está preparado para a mudança. O mundo não está preparado para abraçar todos os ritmos. A ciência e a tecnologia avançam muito rápido. Mas e dentro da gente? Também? Creio que não. Do lado de dentro a mudança é uma irmã que dança baladas, só caminha a passos lentos…


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

10 frases que mais escutei depois que fui mãe (parte 2)

6. Ainda não anda? O meu com 9 meses já corria!
Por causa deste tipo de comentário eu vivia estressada. Consultei neuros, psicólogos, outros pediatras, pois elas demoraram a fazer tudo. Naquele livro onde se registram as vacinas, a cartilha de saúde da criança, tem um guia do que a criança deve ser capaz de fazer a cada período do desenvolvimento, e definitivamente elas não obedeceram aos parâmetros. Não sentaram aos seis meses, não engatinharam aos oito meses, não andaram com um ano. Minha mãe sempre dizia que eu, na minha festa de um ano, corria! Os médicos, no entanto, achavam que eu estava louca, tudo normal, talvez um tempo maior por conta da prematuridade. Na fala foi pior, eu fiquei muito neurótica! Mas este assunto merece outro texto, foi uma verdadeira novela!


7.Elas não podem estudar na mesma sala de aula. Não é bom!
Se vocês forem pesquisar, com certeza vão encontrar inúmeros profissionais (professores, pedagogos, psicólogos) defendendo a separação dos gêmeos na escola. Eu sou pedagoga também mas não acho que deve ser assim, a ferro e fogo. Numa das escolas em que trabalhei decidimos separar duas gêmeas e uma delas passou praticamente todo o primeiro período do ano letivo chorando. Para a irmã, foi super  tranquilo. Rola uma dependência mesmo(normalmente de uma das partes), mas, na minha opinião, este laço tem que ser cortado devagar, respeitando o tempo de cada um. Ou pode só acontecer bem mais tarde, o que é que tem? Sem neuras.

8. Quem é a mais bagunceira?
Essa frase eu escuto até hoje. É desculpa para puxar assunto, porque a resposta está sempre na cara. A Ísis sempre chega mexendo nas coisas, fazendo perguntas inconvenientes, querendo saber de tudo. Ela já derrubou uma bandeja inteira de salgados numa festa e já esticou os dois pés (com sapato e tudo) no sofá da casa de uma pessoa que eu nem tinha intimidade. Já nasceu estripulimaníaca. A Laís se contenta em morrer de vergonha. Quando saio só com ela nem parece que estou com criança. Ela que toma conta de mim.



9. Estão doentes de novo? Depois dos 7 anos essa fase passa!
       Essa frase eu demorei  para deixar de escutar. Elas têm asma e quando menores, ficavam internadas com frequência, principalmente a Laís que tinha a imunidade muito baixa. O que as pessoas não entendem é que a asma não se cura com xaropes caseiros. É uma doença crônica que exige tratamento contínuo, assim como a diabetes e a hipertensão. Demoramos mas conseguimos encontrar médicas maravilhosas que acompanham até hoje nossas pequenas. Até hoje gastamos uma fortuna nas medicações de controle, mas crises, nunca mais! Muita oração também é importante, eu digo sempre que a saúde delas foi graça alcançada numa Novena a Nossa Senhora das Graças.

10. Que lindas!
Esta também, escuto até hoje, principalmente pelo Facebook. Mas logo no início, quando ainda eram bebezinhas, entramos em um elevador junto com uma atriz famosa e ninguém ligou para ela, só ficaram paparicando minhas meninas. Até a tal celebridade não resistiu e babou ovo das duas! O que fazer , são realmente lindas: espontâneas, graciosas... Mamãe baba!


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

10 frases que mais escutei depois que fui mãe (parte1)

1. Elas são gêmeas? Não parece.
A maioria da população acha que gêmeos são sempre iguais. Quando bebês era mais fácil perceber, eu procurava vestir igual pra deixar bem CLARO que Se tratava de gêmeas. Mas depois as pessoas começaram a me perguntar a idade. “Quantos anos ela tem? E essa?” Diante da mesma resposta chegavam à conclusão. Quando eu estava sem paciência, sorria pra mim eu já dizia logo: “ São gêmeas”, e evitava as duas perguntas. Mas não me livrava das próximas ...



2. Essa aqui é a sua cara! A outra é a cara do pai!
Realmente uma é a minha cara e a outra é a cara do pai, mas como meu marido é negro e minha filha mais clarinha, nunca ninguém acertava a tal parecença, focavam muito mais na cor do que nos traços. A mais morena tinha que parecer com o pai, mesmo que minhas fotos de criança fossem exatamente a cópia dela. Algumas vezes eu nem discutia, deixava pra lá...


3. Você teve parto normal? Como assim?
Há uma cultura na sociedade brasileira de que gêmeos só podem nascer de parto cesárea, com risco de sofrimento do segundo que vem ao mundo. Minha médica ficou uma fera quando eu disse que queria tentar parto normal, e no dia em que minha bolsa estourou (com 31 semanas) ela resolveu me deixar de castigo e só apareceu quando o trabalho de parto já estava bem avançado. Mandou preparar o centro cirúrgico e depois desistiu, já estava coroando.  Quem me salvou foi minha doula, Tania Pimentel, que me orientou por telefone, relembrando as estratégias para diminuir a dor enquanto a doutora não chegava.  A tal médica fez questão de proibir a presença dela na sala do parto. Nem meu marido ela deixou entrar. Depois me arrependi  de não ter seguido os conselhos da Tania e mudar de médico. Na minha cabeça trocar no meio da gestação estava fora de cogitação, prejudicaria o acompanhamento do processo. Realmente minha segunda filha entrou em sofrimento, mas por negligência da médica, não por ter vindo ao mundo por parto normal. Eu recomendo escolher bem o médico e procurar uma integração entre ele e a sua doula, mas parto normal é perfeitamente possível, mesmo para quem vai dar à luz a gêmeos.


4. Meu sonho sempre foi ter gêmeos!
Imagine o que é ouvir isso quando você está toda estropiada, descabelada, pálida, sem dormir há meses, sem tempo nem para tomar banho ou comer direito... Nessas horas eu só pensava que a pessoa devia estar louca, ou então tinha dinheiro para pagar quatro babás... A primeira noite que eu dormi inteira elas já tinham três anos! Eu vivia irritada, tive um início de depressão... A natureza é sábia, a mulher foi feita para carregar apenas um bebê de cada vez.

5. Já sei! Você fez tratamento pra engravidar, né?

Quem me conhece bem não fez essa pergunta, claro, pois sabe que tenho quatro irmãos adotivos e seria muito mais natural para mim adotar (na impossibilidade de engravidar naturalmente)do que fazer uma fertilização. Não tenho nada contra quem faz, mas me assusta a falta de controle sobre os embriões fecundados, não sou a favor do descarte e congelar todo mundo sabe que é muito caro. Mas a maioria das pessoas custava muito a acreditar que engravidei naturalmente. Por que eu mentiria? Quando me questionavam  eu sempre contava a história da minha bisavó, que engravidou quatro vezes de gêmeos, o que me deixava muito propensa a gravidez gemelar. Naquela época não havia muitos recursos e só Tereza e Teresinha sobreviveram, os bebês  das gestações anteriores não resistiram.  O engraçado é que só me contaram das quatro barrigas quando eu já estava grávida e sabia que eram duas...

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Filha de cacheada, cacheada é...

Laís está vivendo o processo de aceitar seu cabelo cacheado.  Mesmo tendo a mim como modelo, ainda relutava muito em sair com os cabelos soltos, me pedia sempre para fazer rabo de cavalo. Ele fica bastante cheio e o volume a incomoda. Eu ensinei que cabelo enrolado não pode se ficar mexendo, pois desmancha os cachos. Mas ela nunca aguentava ficar muito tempo sem colocar a mão nos cabelos... e adeus cachos. Outro dia saímos e Laís   aceitou libertá-los do elástico. E mais: aguentou firme a vontade de  mexer nas mechas. Quando chegamos ao local, uma pessoa perguntou: "Qual é o segredo desses cachinhos?" Ela respondeu:  "É  não mexer." Voltou pra casa toda orgulhosa.  Os cachos eram o seu troféu.

domingo, 6 de novembro de 2016

Garoando (Fabiana Esteves)

"Mãe tá garoando..." 
"E o que é garoando?"
"Tá pingando pequeno..."

Está garoando
Pingando pequeno
Miúdo 
Levinho
Feito gota de orvalho
Na folha de árvore
Na calçada 
Tem poça
Tem piscina de Polegarzinha
Recebendo bicadinhas
Caídas de nuvem
Está garoando
Pingando pequeno 
Miúdo 
Levinho 
Daqui de dentro
De grande 
Só a vontade de brincar
Lá fora
E a imaginação 
Que cresce 
Feito bolha de sabão

sábado, 5 de novembro de 2016

Dica de livro ( by Andreia Marques)

Quanta tristeza deve existir no canto de um passarinho preso em uma gaiola? Claro que não podemos mensurar, mas se fôssemos capazes de decifrar sua linguagem, certamente entenderíamos que seu canto é uma forma de lamento, de súplica por liberdade. É e justamente sobre esse tema que aborda o livro Viveiro de Pássaros, de Braguinha (Editora Rocco). Na história, Seu Manduca e seu filho Pinduca possuíam um grande viveiro. Lá existiam vários tipos de passarinhos, que cantavam uma sinfonia triste, peculiar dos animais que foram feitos para voar e não para serem mantidos num espaço minúsculo. Assim viviam todos os dias até que, em determinado momento, chega neste viveiro um ilustre pica-pau-de-penacho. Esperto como ninguém, ele decide que não ficará ali por muito tempo e trama um plano para escapar daquele cativeiro. E será que ele conseguiu?

As ilustrações são graciosas. Tatiana Paiva utilizou recortes de papel, retalhos de tecido, bordados, pinturas e texturas para compor o visual da história. O resultado final foi bem criativo, colorido, maravilhoso mesmo.

Sobre o autor:
Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha ou João de Barro, nasceu no Rio de Janeiro em 1907. Morreu em 2006. Era compositor, roteirista, assistente de direção e dublagem.
  
Sobre a ilustradora:
A ilustradora Tatiana Paiva nasceu em São Paulo em 1977. Seu trabalho está disponível no site http://www.tatipaiva.com.br/

Andreia Marques é escritora e designer.
http://www.andreiamarques.com.br/

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Do jeito dela...


Cada vez tenho mais certeza de que todo ser humano tem seus processos bem particulares de aprendizado. Ísis é o maior exemplo disso. Não mostra concentração nem pra comer, só consegue manter a atenção quando faz arte, sua maior paixão. Ama pintura, recorte e colagem, escultura... Mas agora algumas de suas atitudes têm me surpreendido muito. Ela sempre leu muito comigo, geralmente histórias já conhecidas...eu  vou parando onde ela já consegue ler sozinha. Não se atrevia muito a tentar livros diferentes, preferia se acomodar nas palavras que sabe de cor, que não são poucas. De uns tempos pra cá, tudo mudou. Mais precisamente quando notou  que a irmã  não precisa mais de mim para ler os livros que deseja. Agora quer tentar novos livros e às vezes engata um no outro, sem demonstrar cansaço. Novidade para quem não se concentrava em nada. Novidade para quem deixa os deveres da escola sempre incompletos. Ela ainda desanima diante de uma palavra que não domina, é claro. Neste caso eu leio, mas ela tem até tentado arriscar. O processo de alfabetização da Ísis é muito centrado na imagem mental das palavras, as intervenções a  atrapalham imensamente, a deixam insegura... Acho que nunca acompanhei nenhum aluno que fosse assim, ou não tinha olhos de ver ou feeling para perceber, não li as entrelinhas. Ela tem seu estilo. Tem um tempo próprio, um jeito muito particular de  construir conhecimento...  E veio para desestabilizar tudo que eu pensava que sabia. Hoje de manhã eu a flagrei deitada na minha cama com um livro de poemas do Manuel Bandeira que tirou da estante, muito antigo, sem capa. Estava lá, tentando ler um poema sozinha... Quando me viu, pediu ajuda. No entanto, já não estou tão certa de quem realmente precisava de ajuda no momento, se ela ou eu.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Deixa eu ficar?

___Deixa eu ficar?
___ Deixo.
___ Deixa mesmo?
___ Deixo sim.
___ Então deixa.


Terminamos de ler A Bolsa Amarela hoje. Terminou assim, de um jeito triste. Eu não gosto de terminar meus livros favoritos. Gosto de ficar gestando, gestando, colhendo cada palavra devagar, um pouquinho a cada dia... Sinto que para a Laís também foi assim: “O que vai acontecer com a Raquel agora?” “O livro acabou aqui, filha, o resto é com você..." “Mas eu não sei...” E depois de um papo sobre como conheci a Bojunga, pelas mãos da professora Leile, na quinta série do Educandário Madre Guell, ela e eu chegamos a conclusão de que não vamos deixar nossa vontade de escrever crescer nem engordar. A gente vai escrever e pronto! Porque os livros se escrevem aqui, na nossa cabeça, não precisamos de caderno, papel... A gente imagina e pronto! O livro se escreve. Pena que nem todo mundo pense assim. E para as férias, planejamos muitas idas à biblioteca.

sábado, 31 de agosto de 2013

Observadora atenta

A caixa que embalava minhas encomendas virou uma casa, um capacete de bombeiro e, depois de toda furadinha com lápis de cor, uma caverna repleta de icebergs. Pecado pedir que elas parem para fazer o trabalho de casa. Não pedi, recolhi-me ao posto de observadora atenta. Não quero mais ser aquela que impede, tolhe, ordena, julga... Quero ser aquela que ajuda, atende, acolhe e ama. E mais nada. Recolho-me às insignificâncias da minha humilde função: ser mãe, ainda que o cargo me custe uma casa desarrumada (indigna de visitas mais exigentes), um relógio biológico onde se marcam um sem-número de noites mal dormidas, um cabelo por pintar, uma perna por depilar ou um outro curso de pós graduação por começar. Não procuro reconhecimento futuro, virtudes acadêmicas... Apenas dois rostinhos que me fitem, ao final do dia, cansados de muitas e muitas invencionices...

 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Aprendendo a ler em casa

Não publiquei aqui ainda o diário da coqueluche e suas complicações porque fui postando no facebook, dia a dia e compilei tudo no outro blog.


Por estarem todo este tempo fora escola (a doença começou no meio de fevereiro) tenho tentado compensar para que elas não desacostumem de estudar e para atender ao pedido da Laís para que eu a ensinasse a ler. Faço as atividades em qualquer lugar, preciso apenas de cadernos e lápis. Parlendas, músicas e  histórias são o material que elas já guardam na cabeça e servem de eixo para as descobertas. Ontem elas conseguiram reconhecer o primeiro valor sonoro, numa discussão acerca de como começava a palavra BRAVA. Para Ísis começava com B de Bernardo e para Laís, com A. Ninguém chegou a conclusão nenhuma, mas eu vi como faz diferença um trabalho sistemático, mesmo que feito assim, na sala de espera dos consultórios, no carro ou nos quartos de hospital. Na lista com os nomes das princesas, já incluí pares começados com a mesma letra. As intervenções ainda estão na fase da informação, mas aos poucos as perguntas vão se anunciando, devagar...  Hoje mesmo peguei as duas sentadas na minha cama, caderno na mão, lendo com o dedinho a parlenda do 1, 2 feijão com arroz. Para uma professora alfabetizadora, é um momento que não tem preço...

Os números eu deixei com a série Umizoomi e aproveito a vontade que elas têm de falar ao telefone (principalmente com os avós) para incentivar que elas liguem sozinhas. Outro dia acordaram o avô às sete da manhã, em pleno domingo...

domingo, 10 de março de 2013

Remédio que não acaba mais...


Pra você que pensa que os idosos é que tomam muito remédio, olha a rotina aqui em casa!

HORÁRIO DOS MEDICAMENTOS

HORA
LAÍS
ÍSIS
6 :00
ZINNAT  5 ML
BRONCO VAXXON
1 SACHÊ EM JEJUM
6:30
BAMBAIR 5 ML

BAMBAIR 10 ML
7:00
CETOTIFENO 5 ML

CETOTIFENO 5 ML
7:30
ACETILCISTEÍNA
5 ML


7:30
LAVAR  NARIZ + SPRAY BUSONID (1 JATO EM CADA NARINA)
LAVAR  NARIZ + SPRAY BUSONID (1 JATO EM CADA NARINA)


7:30
NEBULIZAÇÃO COM 3 ML DE SORO + ½ FLACONETE DE CLENIL A + ½ FLACONETE DE
FLUIBRON A

NEBULIZAÇÃO COM 3 ML DE SORO + ½ FLACONETE DE CLENIL A

12:00
LAVAR NARIZ
LAVAR NARIZ

14:00

ACETILCISTEÍNA
5 ML

15:00
LAVAR NARIZ
LAVAR NARIZ

17:30
ZINNAT  5 ML



18:00
1 SACHÊ DE MONTELAIR DISSOLVIDO NA 1ª COLHER DO JANTAR
1 SACHÊ DE MONTELAIR DISSOLVIDO NA 1ª COLHER DO JANTAR

18:30
CETOTIFENO 5 ML
CETOTIFENO 5 ML


19:00
LAVAR  NARIZ + SPRAY BUSONID (1 JATO EM CADA NARINA)
LAVAR  NARIZ + SPRAY BUSONID (1 JATO EM CADA NARINA)

19:30
NEBULIZAÇÃO COM 3 ML DE SORO + ½ FLACONETE DE CLENIL A
NEBULIZAÇÃO COM 3 ML DE SORO + ½ FLACONETE DE CLENIL A
20:00
ACETILCISTEÍNA
5 ML


TODOS OS REMÉDIOS ESTÃO NA CESTA VERDE PEQUENA

SE PRECISAR, NEBULIZAR A LAÍS COM SORO + 10 GOTAS DE MUCOSOLVAN

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cada hora tem a sua coisa...

Quem acompanha o meu blog sabe que minhas filhas nasceram prematuras, com 31 semanas, todas duas com menos de dois quilos e a Ísis, com dificuldade respiratória. Já narrei antes que elas demoraram para sentar, engatinhar, andar, falar, tirar a fralda e... eu pensava que tinha me livrado de estresses deste tipo, das cobranças, comparações e do sentimento de culpa... Mas não me livrei! O aniversário de  cinco anos se aproxima e agora tem a angústia da alfabetização. Em post recente, eu contei do entusiasmo da Laís com a leitura, que ia começar a alfabetizá-la em casa, etc.  Só que hoje, quando comecei, notei que não vai ser nada fácil, é provável que demore bem mais do que eu estava imaginando...exatamente como foi com todas as outras etapas... Eu sei, já devia estar conformada, mas é que agora o buraco é mais embaixo, a pisada é no meu calo. Eu não sou uma mãe qualquer, sou uma pedagoga que trabalha com formação de professores alfabetizadores, tenho cursos, experiência, um nome a zelar!!!! E aí as pessoas vêm me dizer felizes como seus filhos são inteligentes, adiantados, pensam rápido... eu não consigo escapar de não ficar arrasada! Logo eu, que já tranquilizei tantas mães dizendo para respeitar o tempo de aprendizagem de cada criança, que cada um é mais hábil nesta ou naquela coisa, sinto na pele o sofrimento de cada uma, enxergo com mais clareza o sentido da lágrima caída... Sei que não vai ser fácil carregar este pequeno fardo (fardo grande é doença), mas tentarei não pressioná-las, tentarei não prestar atenção nos comentários maldosos, tentarei contar outras pequenas vitórias para não me sentir tão mal assim, tentarei (juro!) compará-las somente com elas mesmas e fazer deste momento tão mágico de esforço e conquista, uma estrada mais leve e de caminho seguro, como sempre foi a alfabetização de todos os meus alunos, retirando as pedras uma a uma, afinal de contas, cada hora tem a sua coisa... Por que haveria de ser diferente com elas? Só porque sou EU a mãe?