quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cada hora tem a sua coisa...

Quem acompanha o meu blog sabe que minhas filhas nasceram prematuras, com 31 semanas, todas duas com menos de dois quilos e a Ísis, com dificuldade respiratória. Já narrei antes que elas demoraram para sentar, engatinhar, andar, falar, tirar a fralda e... eu pensava que tinha me livrado de estresses deste tipo, das cobranças, comparações e do sentimento de culpa... Mas não me livrei! O aniversário de  cinco anos se aproxima e agora tem a angústia da alfabetização. Em post recente, eu contei do entusiasmo da Laís com a leitura, que ia começar a alfabetizá-la em casa, etc.  Só que hoje, quando comecei, notei que não vai ser nada fácil, é provável que demore bem mais do que eu estava imaginando...exatamente como foi com todas as outras etapas... Eu sei, já devia estar conformada, mas é que agora o buraco é mais embaixo, a pisada é no meu calo. Eu não sou uma mãe qualquer, sou uma pedagoga que trabalha com formação de professores alfabetizadores, tenho cursos, experiência, um nome a zelar!!!! E aí as pessoas vêm me dizer felizes como seus filhos são inteligentes, adiantados, pensam rápido... eu não consigo escapar de não ficar arrasada! Logo eu, que já tranquilizei tantas mães dizendo para respeitar o tempo de aprendizagem de cada criança, que cada um é mais hábil nesta ou naquela coisa, sinto na pele o sofrimento de cada uma, enxergo com mais clareza o sentido da lágrima caída... Sei que não vai ser fácil carregar este pequeno fardo (fardo grande é doença), mas tentarei não pressioná-las, tentarei não prestar atenção nos comentários maldosos, tentarei contar outras pequenas vitórias para não me sentir tão mal assim, tentarei (juro!) compará-las somente com elas mesmas e fazer deste momento tão mágico de esforço e conquista, uma estrada mais leve e de caminho seguro, como sempre foi a alfabetização de todos os meus alunos, retirando as pedras uma a uma, afinal de contas, cada hora tem a sua coisa... Por que haveria de ser diferente com elas? Só porque sou EU a mãe?