domingo, 23 de janeiro de 2011

O sequestro do Pessoa

Todos os textos sobre minha lida materna este mês chegaram a se gestar em mim, mas nenhum resultou em parto literário. Hoje, no entanto, ele se impôs e ordenou que o tirasse do anonimato. Sozinha no meu quarto, nesta tarde de domingo, o ar fresco que entrava pela janela me convidava a ouvir uma música que, embora para muitos possa soar como brega, embalou muitas das noites em que passei solitariamente acompanhada. Algo me dizia que o que faltava era trilha sonora para que o texto acontecesse, inspirado num fato e num livro que eu estava lendo. Bem, o escrito não veio em prosa, mas resultou no poema “Sequestro”. O meu livro de cabeceira (O LIVRO DO DESASSOSSEGO) estava ao lado e foi sequestrado pela Laís, que acabara de acordar da sua soneca da tarde. A irmã continuava nos braços de Morfeu. Abriu em qualquer página e fiquei lendo em voz alta pra ela, brincando de ler palavra. Minha pequenina ali, tão entregue à leitura tal qual estivesse ouvindo contos de fada, estranhou quando viu minhas lágrimas, mas não fez alarde. Escolheu outra página. Depois de outras linhas em voz alta, fez pose e tomou posse do livro como objeto seu de prazer e deleite. Fez questão de folheá-lo de maneira imponente na frente do pai e olhando-me de revés. Tive vontade de tirar uma foto mas ela perderia o frescor do momento. Preferi retratar na memória. Foi assim que Fernando Pessoa deixou de ser meu nesta casa.

Manhã de Natal

A abertura dos presentes, na manhã de Natal, também foi uma surpresa boa. As duas soltaram um gritinho delicioso quando viram que era o boneco de sua dupla preferida: Patati e Patatá. A caminho do almoço do dia 25 com os avós e a bisa, fizeram questão de levar a novidade. Chegando lá, Nina prontamente me perguntou: “Foi você que comprou?” Eu respondi na lata: “Não, Papai Noel passou lá em casa!”